Quando falamos em amamentação, muita gente resume a pega correta à famosa “boca de peixinho”. Mas a verdade é que a pega vai muito além disso.
A maneira como o bebê se posiciona no seio é essencial para uma mamada eficaz, sem dor e com boa transferência de leite. Uma pega ineficiente pode causar fissuras, dor intensa e até levar ao desmame precoce — o que muitas vezes poderia ser evitado com pequenos ajustes.
A boa notícia? Com informação e apoio, a pega correta pode ser aprendida, ajustada e aperfeiçoada.
Mas afinal, o que é uma pega correta?
A pega correta é aquela que permite que o bebê abocanhe não apenas o mamilo, mas boa parte da aréola (especialmente a parte inferior), fazendo movimentos ritmados e eficientes de sucção, sem machucar a mãe.
Aqui estão os principais sinais de uma boa pega:
1. Rosto do bebê voltado para a mãe
O bebê precisa estar de frente para o corpo da mãe, como se estivessem dançando um forró coladinho. Mesmo que o corpo todo não fique completamente de frente (dependendo da posição escolhida), o rosto precisa estar alinhado com o peito.
2. Cabeça e tronco do bebê alinhados
Nada de cabeça virada para um lado e corpo para o outro. O bebê precisa estar com cabeça e tronco alinhados, para conseguir sugar e engolir o leite com mais facilidade e segurança.
3. Queixo tocando a mama
Esse detalhe é sutil, mas poderoso. Quando o queixo toca a mama, estimula o reflexo de abertura da boca do bebê. Isso facilita o encaixe ideal e ajuda principalmente os recém-nascidos, que ainda estão aprendendo a mamar.
4. Boa parte da aréola dentro da boca
O bebê deve abocanhar mais do que só o bico. A parte inferior da aréola deve estar bem encaixada na boca, pois é ali que se concentram os ductos que liberam o leite.
5. Lábios viradinhos para fora
Sabe quando a boquinha fica parecendo uma flor aberta? Os lábios devem estar evertidos, especialmente o inferior. Se estiverem virados para dentro, pode haver dificuldade na sucção.
6. Mão que apoia, não que empurra
A mãe deve trazer o bebê até o seio, e não empurrar o seio até o bebê. E jamais forçar a cabeça do bebê contra o peito — isso pode gerar desconforto e até rejeição da mama. A dica é dar suporte gentil, deixando que o queixo toque primeiro a mama.
7. Alinhamento do nariz com o mamilo
Esse detalhe ajuda a promover uma pega assimétrica, mais confortável para a mãe. A cabeça do bebê deve estar levemente estendida, como se olhasse para cima, com o nariz alinhado ao mamilo.
8. Estimule o reflexo de busca
Encostar suavemente o mamilo no lábio superior do bebê estimula o reflexo de busca, que faz com que ele vire a cabeça, abra a boca e procure o seio.
Por que tudo isso importa?
Uma pega correta:
Evita dor e fissuras nos mamilos;
Favorece a produção de leite pela sucção eficiente;
Ajuda o bebê a mamar até se saciar, sem frustrações ou perda de peso;
Traz mais conforto, prazer e conexão para quem amamenta.
Se tem dor, tem algo errado
A dor na amamentação não deve ser normalizada. É um sinal claro de que algo pode ser ajustado — seja a pega, a posição ou a própria estrutura da mama e da boca do bebê.
Procure ajuda especializada o quanto antes.
Você não precisa passar por isso sozinha
Amamentar pode ser desafiador no início, mas não precisa ser um peso.
Com informação, apoio e ajustes certos, a amamentação pode se tornar leve, prazerosa e cheia de conexão.
Se você está com dificuldades, fissuras, dor ou dúvidas sobre a pega, eu posso te ajudar.
Referências científicas:
Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Vol. 1. 2011.
UNICEF/OMS. Dez passos para o sucesso do aleitamento materno. Revisado 2018.
Brasil. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Caderno de Atenção Básica: Saúde da Criança – aleitamento materno e alimentação complementar saudável. 2ª edição, 2015.